Reconhecida como patrimônio cultural imaterial da PB, Jurema Sagrada chega à sala de concertos da UFPB

O projeto musical Na Mata Tem Morador, formado por integrantes do Ilê Axé Ojú Ofá Dana Dana, vai realizar um recital didático inédito na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).  A apresentação Cantos da Jurema Sagrada acontece nesta quarta-feira, dia 23 de julho, às 18h, na Sala Radegundis Feitosa, no Centro de Comunicação Turismo e Artes (CCTA). Para participar, só é necessário realizar a inscrição no SigEventos, gratuitamente. 

A ação que integra a disciplina pioneira de Jurema Sagrada, do curso de Ciências das Religiões da UFPB, acontece uma semana depois de o governador João Azevêdo (PSB) sancionar a lei que reconhece a Jurema Sagrada como patrimônio imaterial da Paraíba. A nova legislação, assinada na última quarta-feira (16), reforça a importância da tradição religiosa como expressão cultural do estado e estabelece que a sua preservação é responsabilidade coletiva. A iniciativa tem ênfase especial no papel das instituições educacionais na promoção de ações de valorização e salvaguarda.

A apresentação de Na Mata Tem Morador integra um Seminário organizado em parceria com o projeto “Museu como Encruzilhada e na Encruzilhada”, coordenado também por Stênio Soares, pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos da Universidade Federal da Bahia (UFBA) que ministra a disciplina da Jurema Sagrada na UFPB.

O projeto está subsidiando a criação do Museu da Diáspora Africana e Etnias Paraibanas da Secretaria da Mulher e da Diversidade Humana da Paraíba. A programação do Seminário vai abordar os pontos e rezas da Jurema como poética do corpo-voz com a professora Leyla Silva, e os professores Fábio Ribeiro e Stênio Soares. Em seguida, o grupo Na Mata Tem Morador apresentará músicas, contextualizando suas histórias e significados para a Jurema Sagrada.

Mãe Renilda, líder religiosa do terreiro e integrante do grupo, diz que conhecer as músicas da Jurema é primordial para compreender a própria religião. “Na nossa religião, a musicalidade cresce energização do nosso povo. Tudo que fazemos nos rituais da Jurema, como cozinhar oferendas ou celebrar, fazemos cantando. Então vai ser muito enriquecedor levar esse trabalho musical para a universidade em um componente curricular que se propõe a estudar a Jurema Sagrada”, explicou.

Stênio Soares, professor da disciplina, afirma que a atividade é uma ação educativa, que quebra de estigmas e colabora com a preservação da cultura. “Propomos realizar uma mediação cultural através de um recital didático com músicas de Jurema Sagrada. Esta é uma ação de ensino-aprendizagem, que colabora com a salvaguarda do nosso patrimônio”, afirmou.

O recital didático Cantos da Jurema Sagrada será também uma oportunidade de aproximar o público universitário deste patrimônio cultural imaterial. A Jurema Sagrada é uma tradição religiosa de matrizes afro-indígenas, símbolo de resistência no Nordeste e parte fundamental da cultura brasileira.

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Texto: Lucas Andrade com informações de Laianna Janu
Edição: Milena Dantas
Foto: Camila Silva
Ascom/UFPB