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Gestor dá dicas a bolsista sobre forma correta de gerenciar recursos

O Centro de Tecnologia da UFPB realizou recentemente, por meio de sua Assessoria de Extensão, um ciclo de palestras definido como “Boas Vindas aos Participantes do Probex 2017”, com temas de interesse de bolsistas e voluntários. Um dos palestrantes, o doutor em Otimização pela COPPE/UFRJ, mestre em Matemática e especialista em Administração Financeira pela Fundação Getúlio Vargas, Rodrigo Leone, abordou “Finanças pessoais e os estudantes universitários”.
publicado: 30/08/2017 10h11, última modificação: 30/08/2017 10h11

Encerrada sua participação no ciclo de palestras, o professor Leone concedeu entrevista ao aluno de Jornalismo do Departamento de Comunicação da UFPB, Ítalo Ramon, cujo resumo vem a seguir. À primeira pergunta sobre o momento correto do jovem iniciar-se em educação financeira, o especialista considera ser importante começar a experiência nessa área “desde pequeno”. Ele entende que não cabe culpa somente ao adolescente se ele gasta de uma só vez todo primeiro salário ou a primeira bolsa. 

Segundo ele, a culpa deve ser atribuída aos pais e à sociedade que não tem o hábito de proporcionar educação financeira e o jovem acaba seguindo exemplos que percebe nesses universos, onde “pessoas gastam tudo sem controle, sem planejamento nem responsabilidade”. Os pais, principalmente, devem dar bons exemplos aos filhos, atitudes responsáveis e conscientes do uso do dinheiro. 

Sobre a possibilidade de a criança mimada pelos pais transmitir esse comportamento aos filhos no futuro, doutor Leone enfatizou “a vida acaba tentando ensinar o correto, mas como a pessoa aprendeu errado é mais fácil que ela prossiga nessa linha de atitude, suas ações vão refletir nas dos seus filhos. Precisamos ter planejamento e controle com o objetivo de prosperar e assim mais que uma educação formal, a família receberá educação financeira”. 

Em outro ponto da palestra, ele abordou a questão do consumismo e os atrativos que forçam as pessoas a aderir a tal comportamento. É como se tudo funcionasse contra as finanças pessoais. “Por exemplo, o mercado (propaganda e marketing), a internet com o marketing digital (Google e Facebook), o governo e até nossos amigos, todos eles estão contra a gente. Somos submetidos a um bombardeio de publicidade e incentivados a gastar sem controle. Logo, é você sozinho contra o mundo e, se não mantiver o foco nem planejar, você nunca vai prosperar”, sentenciou. 

Em relação ao percentual ideal de reserva para o adolescente que não recebe muito e também não gasta tanto, o professor lembrou que o gasto vai depender daquilo que o jovem realmente quer comprar. “Se ele ganha pouco e não gasta quase nada, pois os pais bancam suas contas, aí deve sobrar para o lazer (festa, cinema, shopping) e os demais desejos pessoais dele. A orientação é que o lazer não deve consumir todo seu dinheiro: ele gasta, por exemplo, 50% e o restante pode guardar. Mas se o jovem não mora com os pais, ganha pouco e tem filho, não dá querer que ele consuma só a metade. Depende de cada caso”, advertiu. 

Com relação aos bolsistas, ele apontou os fatores da responsabilidade e do planejamento como essenciais para uma boa educação financeira. Disse que para atingir determinados objetivos com o valor da bolsa, o estudante universitário precisa fazer uma conta ao contrário. “Se ele pretende fazer uma viagem e gastar 2.000 reais, enquanto que a bolsa atinge apenas 500 reais, vai necessitar uma reserva de 100 reais/mês e durante 20 meses pra realizar o que planejou”. 

Dessa forma, o bolsista necessita enquadrar todas as demais despesas em 80% de sua renda mensal. Caso não consiga, vai ter que fazer escolhas (cortar gastos) para não extrapolar o limite estabelecido. 

Na sua opinião, o endividamento é resultado do consumismo, materialismo e imediatismo, e os sintomas desse estado de coisas são as dívidas bancárias, empréstimos, falta de dinheiro todo mês e de crédito, saldo negativo e uso de cheque especial. E não basta a pessoa querer mudar, isso tem que ocorrer na prática. “Eu vou ter que me sacrificar, cortar gastos supérfluos (aqueles que proporcionam falsos prazer e qualidade de vida), para assim poder realmente recuperar meu padrão de vida”, acrescentou. 

Para finalizar, o professor Rodrigo Leone apresentou sua receita de controle de gastos, “para que haja uma melhoria na vida financeira” das pessoas, principalmente aquelas que tem de administrar o pouco que recebem. Ele avaliou que “dependendo do grau, acho melhor cortar de uma vez só. Sei que uma alta dose de um remédio pode matar o paciente, mas doses muito pequenas podem não fazer efeito algum. Por isso, prefiro correr esse risco”.

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